No IFNMG, o teatro também é protagonista do processo de ensino-aprendizagem
Vai ter textão, sim! Afinal, a data permite. Hoje, 21 de março, é comemorado o Dia Universal do Teatro. E falando nisso, o IFNMG tem muito o que comemorar. O teatro é prática constante no Instituto. Professores e estudantes de cursos superiores e técnicos não poupam energia para mostrar seus dotes artísticos e, sobretudo, mostrar que a arte de interpretar é uma aliada do processo de ensino-aprendizagem. Além disso, o IFNMG possui um dos poucos cursos técnicos gratuitos em Teatro no Brasil.
Implantado em 2016 o curso já produziu espetáculos, que movimentaram o cenário cultural de Diamantina e região. O Auto de Natal, em 2016, coroou o ingresso da primeira turma, que, inclusive, já se formou no ano passado. Na ocasião, os formandos apresentaram o espetáculo "Hoje é Dia de Rock". A Mostra de Teatro Cenas Curtas, apresentada em julho de 2017, foi outra atividade do curso bastante elogiada. O público superlotou o teatro Santa Izabel. “Algo jamais visto em Diamantina”, disse Mariana Emiliano Simões, coordenadora de ensino do Campus Diamantina e ex-coordenadora do curso.
Também foram oferecidos dois cursos FIC à comunidade em geral entre 2016 e 2017: “Ginástica e Consciência Corporal” e “Corpo, Arte e Empoderamento Feminino”. “Este último resultou no projeto de extensão Tribo Corpo Raiz, formando um grupo de dança que se apresenta na cidade. Atualmente, o projeto atende em trono de 25 mulheres, de todas as idades”, informa Mariana.
A peça "Dia de Rock" foi apresentada durante a formatura da primeira turma do curso técnico em Teatro, que funciona no IFNMG-Campus Diamantina
Pela valorização do teatro
Hoje, na terceira turma, o curso de Teatro, segundo a coordenadora, está se fortalecendo aos poucos. “Muitos egressos retornaram para suas cidades já com trabalhos na área artística. Aos poucos temos conquistado o respeito da cidade e região, atraindo cada vez mais alunos e alunas de outras cidades”, destaca Mariana.
Apesar de ser um momento para comemorar, o Dia Universal do Teatro também serve para, segundo Mariana, criticar a falta de valorização do teatro no país. Ela responsabiliza as mudanças ocorridas no Brasil que inviabilizaram as possibilidades de financiamento que ajudaram a fomentar produções artísticas há alguns anos.
“Os cortes orçamentários são sentidos na carne pelos artistas e trabalhadores da cultura, que temos nossos trabalhos considerados supérfluos ou desnecessários. Entretanto, o teatro continua como sempre, resistindo e sobrevivendo à falta de recursos, com muita criatividade e capacidade de reinvenção”, argumenta a coordenadora.
Apesar do momento político e econômico do Brasil, o IFNMG passou a oferecer o curso técnico e teatro depois de uma mobilização da sociedade diamantinense, que solicitou junto ao Instituto a implantação de um curso que atendesse à demanda de artistas, produtores e demais interessados em trabalhar com arte, especialmente teatro e dança, na cidade. Hoje, o curso já está em sua terceira turma
Promover conhecimento é um espetáculo
Quem nunca participou de uma peça teatral – aquelas de escola mesmo – que atire o primeiro roteiro. Professores são realmente mestres em organizar a turma e propor aos alunos que desenvolvam algum espetáculo. O espírito artístico de alguns é ativado; outros retrucam. Mas, no fim, os aplausos são certos. A cortina se fecha, e o mundo do conhecimento se abre. A mágica acontece, e aquela matéria que parceria tão difícil torna-se mais fácil. Acha que tudo isso é uma farsa? Professores e estudantes do IFNMG provam, sem drama, que não.
“Dentro do conteúdo programático das disciplinas que ministro para os cursos de Medicina Veterinária e Licenciatura em Ciências Biológicas, há o tema ‘Imunidade contra patógenos’, que trata sobre vírus, bactérias, helmintos, artrópodes e protozoários. Divido a turma em cinco grupos, de acordo com cada patógeno, e peço a elaboração de apresentação de uma peça teatral. No ano de 2017, tivemos a terceira edição. As outras turmas de cada curso podem assistir à apresentação”, aponta a médica veterinária e professora Vanessa Paulino da Cruz Vieira, do IFNMG-Campus Salinas.
A professora explicou que a ideia surgiu quando ela constatou um alto índice de reprovação nessas disciplinas devido à complexidade do conteúdo. A fim de buscar uma alternativa que promovesse o conhecimento de uma maneira mais leve e até lúdica, Vanessa optou pelo teatro. “Entendi que o teatro poderia ser uma ótima ferramenta de ensino-aprendizagem. E foi mesmo! Conseguimos melhorar a apreensão do conhecimento e, consequentemente, os índices de aprovação nas disciplinas”, afirmou a professora. Para a médica veterinária, o resultado não poderia ser melhor: “os alunos amaram e desenvolveram projetos espetaculares”.
Do conhecimento à libertação
Organizada pela professora Fabiene Brito Mendes Teles, que dá aulas de educação física, a Gincana dos Super-heróis é realizada desde 2014. Neste ano, a professora Fabiane resolveu inserir o teatro. “Vou inserir o teatro porque acredito ser mais um recurso de desenvolvimento total do indivíduo. Além disso, o teatro é um valioso veículo, não só de entretenimento, mas, sobretudo, de conscientização, busca, descobrimento e valorização. O teatro é um conjunto de aspectos que trazem valores essenciais à vida de todos que se envolvem diretamente e também do público”, defende a professora.
Pensando em tudo isso, o professor Maycon Luiz Amaral Magalhães, do Campus Arinos, resolveu investir no teatro para ensinar a temida matemática. “Pretendo, neste ano, desenvolver um projeto de ensino sobre matemática e teatro. Trata-se de um projeto ligado, principalmente, à história da matemática, mas também, indiretamente, tem o objetivo de ajudar na desenvoltura dos alunos. Já conversei com alguns alunos e eles estão superempolgados”, diz o professor.
E não é só de empolgação que o interesse pelo teatro persiste. Técnico em Teatro pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Diego Alves de Souza, que cursou Gestão Ambiental no IFNMG-Campus Araçuaí, resolveu agregar o teatro à nova profissão. Ele concilia as duas atividades usando as ferramentas teatrais para promover educação ambiental. Não é uma tarefa fácil, mas Diego afirma gostar de desafios.
Diego, que fez Gestão Ambiental no IFNMG-Campus Araçuaí e é formado em Teatro Universitário na UFMG, utiliza a arte para promover educação ambiental
“Viver de arte no país é um desafio, que exige uma educação cultural que o Brasil ainda não possui. Mas utilizando a arte é possível empreender. E ao comemorar o Dia Universal do Teatro, é necessário que toda a sociedade defenda e lute por mais investimento em arte e cultura, pois uma criança que lê um poema, que estuda arte, que tem contato com arte está livre das armas”, argumenta. Não é à toa que a arte é tida como um instrumento de libertação.
Diego fez ainda questão de lembrar que no dia 27, também deste mês, é comemorado o Dia Nacional do Circo e o Dia Mundial do Teatro. Não há unanimidade em relação à data. No Brasil, o Dia Nacional do Teatro é comemorado em 19 de setembro.
E o teatro no Campus Salinas continua...
No IFNMG-Campus Salinas há um grupo de teatro que completou duas décadas de existência: o Cores da Vida. O grupo, criado em 1997, é coordenado pela Fabiene Brito Mendes Teles e pela professora Santina Aparecida Mendes, que desde o início do ano atua na Pró-Reitoria de Extensão, no Núcleo de Atividades Sociais, Artísticas, Desportivas e Projetos Especiais.
Santina relembra que o grupo surgiu de uma oficina teatral que deu oriegem à comédia, intitulada “No túnel do tempo”. O roteiro desse espetáculo fez uma retrospectiva dos fatos históricos que marcaram a escola. Após este trabalho, foram montadas algumas peças cujas temáticas objetivavam promover a parceria escola\família na construção de uma educação de qualidade.
“Uma das peças de destaque foi “Sensatez”, de autoria dos professores Maria Araci Magalhães, hoje pró-reitora de Extensão, e Lázaro Gonçalves Siqueira, cujo tema versa sobre as ações antrópicas e suas drásticas consequências para a natureza. A peça esteve em cartaz por aproximadamente três anos, sendo requisitada para apresentação em várias localidades”, conta Santina.
Em 2006, a peça “Nosso Rio, Nossa Terra, Nossa Gente” se destaca e é apresentada em vários anos seguintes, até 2011. Em 29 de maio de 2015, foi feita a apresentação da peça “Enfim, Instituto Federal”, no III Fórum de Educação Profissional e Tecnológica, na cidade de Recife-PE, ocorrido no período de 26 a 30 de maio de 2015. A peça também ganhou notoriedade em vários outros eventos.
Apresentação do espetáculo “Enfim, Instituto Federal”, que conta a história das cidades nas quais o IFNMG possui campi e as homenageia cantando e dançando algumas de suas mais marcantes manifestações culturais
De acordo com Santina, o grupo, por onde passa, inscreve o nome do Campus e do IFNMG no cenário da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e revela sua relevante missão de contribuir para a formação de sujeitos capazes de compreender o mundo e agir nele de forma crítica, levando à descoberta da cidadania, da autonomia, do resgate da autoestima, do empoderamento e da melhoria nas relações familiares e no convívio com a comunidade e com o meio ambiente, através do teatro. “O grupo de teatro assume um papel muito significativo na melhoria do aprendizado, uma vez que tem o poder de trabalhar de maneira lúdica temas transversais que devem ser discutidos em sala de aula e de revelar talentos e potencialidades”, assegura Santina.
A pró-reitora de Extensão concorda com Santina e aproveita para reiterar sua admiração pelo teatro como ferramenta de ensino, defendendo que o teatro “deveria ser um complemento na educação básica de todo o jovem, a fim de propiciar uma mudança de hábitos”.
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