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Dia Mundial da Água: Mapa da mina, mapa da vida

Publicado: Sexta, 22 de Março de 2019, 07h52 | Última atualização em Quinta, 28 de Março de 2019, 09h59

O Dia Mundial da Água é comemorado hoje, 22 de março. Para celebrar a importância da data e o que ela representa, o portal do IFNMG preparou três matérias sobre projetos desenvolvidos em seus campi com foco na preservação desse recurso essencial à vida. A primeira delas vem do Campus Teófilo Otoni e mostra o que pode ser o primeiro passo para a preservação e recuperação de nascentes da cidade. Nos próximos dias, publicaremos as outras matérias.

 Nascentes

Equipe durante avaliação de nascente no bairro Fazenda Arno, em Teófilo Otoni: índice de classificação “péssimo”

Nos últimos dois anos, Sérgio Lana, professor de Geografia do IFNMG-Campus Teófilo Otoni, coordenou o trabalho de construção de um mapa da mina, isso mesmo, o mapa de um verdadeiro tesouro, talvez o mais precioso e imprescindível para a vida: a água. Mais precisamente, ele esteve à frente de um projeto que mapeou nascentes localizadas na área urbana de Teófilo Otoni e avaliou suas condições ambientais. O projeto teve participação do professor de Matemática Geraldo Lopes Júnior e de três alunos bolsistas.

O trabalho começou com a adequação de um protocolo de avaliação rápida que foi usado para identificar o impacto ambiental macroscópico das nascentes de Teófilo Otoni. O impacto ambiental macroscópico é o que pode ser visualmente percebido, como cor da água, presença de lixo, espuma e esgoto nas proximidades. Com base em dados cartográficos, a equipe identificou 33 nascentes na área urbana do município e partiu para campo, a fim de fazer o georreferenciamento desse mananciais - ou seja, levantar dados sobre sua posição geográfica -, aplicar o protocolo de avaliação e fotografá-las. A equipe conseguiu fazer o trabalho em 19 das 33 nascentes identificadas.

O professor Sérgio explica que, segundo a metodologia de avaliação aplicada, o índice ambiental macroscópico das nascentes foi classificado como “ruim” (numa escala de cinco classes: péssimo, ruim, razoável, bom e ótimo), o que significa que a situação é preocupante. “Elas [as nascentes] refletem a condição ambiental que encontramos em Teófilo Otoni e região, onde a Mata Atlântica vem sendo degradada há séculos”, comenta. Como principais causadores desse impacto negativo sobre as fontes d’água, o professor cita fatores ligados à urbanização, como uso desordenado do solo, esgoto doméstico e retirada da cobertura vegetal.

Dentre os diversos problemas encontrados nas nascentes, o que mais chamou a atenção de Eduardo Rodrigues Santos, aluno do 2º ano do curso técnico em Meio Ambiente que participou do projeto como bolsista, foi a quantidade de resíduos sólidos encontrada no entorno e até dentro dos mananciais. “Por mais comum que seja encontrar lixo por toda parte, para uma nascente é algo altamente preocupante”, reforça. Essas são, como lembra o estudante, “áreas que devem ser extremamente protegidas, dada sua importância para a manutenção das bacias hidrográficas e do ciclo da água dentro da biosfera”.

Outro objetivo do projeto foi identificar moradores que desenvolvem ações de preservação das nascentes, como limpeza e isolamento desses ambientes. Outro aluno do 2º ano do técnico em Meio Ambiente, Paulo Henrique Lopes de Amorim, também foi bolsista do projeto e participou  desse levantamento junto às comunidades do entorno das minas. Segundo ele, muitos moradores dependem da água das fontes para consumo e, por isso, fazem de tudo para protegê-las. “Enquanto isso, em outras, o descaso reina em completa degradação. Cada um dá o devido valor conforme a sua necessidade”, observa o estudante. Um dos cuidadores de nascentes identificados é Expedito Ferreira de Araújo, que há mais de 20 anos, cuida, em parceria com vizinhos, de uma nascente perene no Bairro Olga Prates, zona sul de Teófilo Otoni. Para ele, “é uma oportunidade de ajudar a comunidade local, pois moradores de vários bairros de Teófilo Otoni vêm até aqui para buscar água e fico satisfeito em poder contribuir com eles”. De acordo com Sérgio Lana, além de Expedito, forma identificados nove colaboradores, entre moradores e órgãos do poder público, que atuam no sentido de preservação das nascentes, no entanto, a grande maioria delas está entregue à própria sorte.

Web aplicativo

 Nascentes 2

 “O mapa da mina: mapeando nascentes urbanas de Teófilo Otoni”: divulgação de informações técnicas e científicas ao público leigo

A partir dos dados de georreferenciamento e impacto ambiental macroscópico das nascentes, bem como a caracterização fotográfica de cada uma, a equipe do projeto construiu o web aplicativo “O mapa da mina: mapeando nascentes urbanas de Teófilo Otoni” . A ferramenta informa, também, a caracterização das fontes e do entorno, usos e principais fluxos, além dos nomes dos cuidadores. Segundo Sérgio Lana, o objetivo foi favorecer o acesso do público leigo a informações técnicas e científicas sobre a situação das minas. Além de disponibilizar as informações na rede mundial, para acesso geral e de forma simplificada, o web aplicativo informa os contatos dos responsáveis pelo projeto, para que a comunidade possa enviar mais informações sobre essas e outras nascentes de Teófilo Otoni.

Sérgio Lana diz que, até então, não havia nenhum tipo de estudo desse tipo sobre as nascentes de Teófilo Otoni: “Não se sabiam quantas eram, onde estavam localizadas e, sobretudo, o grau de conservação”. Segundo o professor, este último aspecto do estudo que coordenou foi o mais relevante. Para a continuidade do projeto, ele identifica dois caminhos: a extensão da pesquisa às demais nascentes previamente catalogadas na base cartográfica e a definição, junto ao poder público municipal, das nascentes prioritárias para receber ações de recuperação, como isolamento e contenção de processos erosivos. “É necessário que o poder público municipal e outros órgãos públicos, principalmente instituições de ensino, tenham um papel mais atuante no conhecimento da realidade desses ambientes e, sobretudo, em ações efetivas que garantam sua conservação e, muitas vezes, restauração, já que eles estão significativamente degradados”, pondera Sérgio Lana.

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