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Professor do IFNMG integra expedição para dar voz aos invisíveis da tragédia de Brumadinho

Publicado: Quinta, 07 de Fevereiro de 2019, 11h33 | Última atualização em Quinta, 07 de Fevereiro de 2019, 16h19
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Raul Mourão (jornalista da UFJF), Gabriela Barreto (bióloga da UFJF), Fernando Moraes (Folha de São Paulo); Isabel Martins (bolsista IC da UFJF), Ricardo Guimarães (professor da Universidade Estadual de Goiás); os motoristas Cássio Agostinho Ribeiro e Marcelo Vinicius Sobrinho, Maria Otávia (fotógrafa da revista A3, UFJF), Miguel Fernandes Felippe (coordenador do grupo de Pesquisa Terra e professor da UFJF) e Alfredo Costa (professor do IFNMG-Campus Almenara)

 

“Chegamos ao olho do furacão”. Assim o professor Alfredo Costa, do IFNMG-Campus Almenara, relatou sua chegada, ontem, 06/02, ao município de Brumadinho, que há 14 dias vive sob os impactos de uma das maiores tragédias humanas e ambientais da história de nosso país, com o vazamento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão, da mineradora Vale. Percorrendo o caminho contrário ao da lama, que avança lentamente junto às águas do rio Paraopeba, ele pôde observar como as incertezas, a tristeza, o medo e o inconformismo evoluem no fluxo contrário.

Essas são apenas as primeiras impressões do professor de Geografia que integra a expedição de pesquisadores e jornalistas promovida pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), coordenada pelos grupos de pesquisa Terra e Poemas e financiada pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração. O grupo, que também conta com um integrante da Universidade Estadual de Goiás, partiu na última segunda-feira, 04, das proximidades da foz do rio Paraopeba, em Felixlândia, para um percurso de três dias até o local do rompimento da barragem.

Os pesquisadores agem em duas frentes: verificar os danos socioambientais causados pelo vazamento dos rejeitos e como comunidades foram ou podem ser afetadas em seu modo de vida. Alfredo explica que se juntou ao grupo para oferecer a experiência de quem já trabalhou com licenciamento ambiental e em levantamentos similares relacionados ao rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana. Na expedição atual, seu foco principal é na segunda frente de trabalho, que, segundo ele, pretende “dar voz aos invisíveis”, ouvir e ver a realidade de pessoas que vivem às margens do Paraopeba e usufruem dele para as mais diversas atividades, e tiveram seu vínculo com o rio drasticamente comprometido. De acordo com Alfredo, alguns dos fatores que concorrem para invisibilizar muitas dessas pessoas são as proporções do evento e a atuação limitada da mídia, que seleciona determinados focos.

“Percorremos várias comunidades, condomínios, assentamentos, conversamos com várias pessoas e a principal impressão é a da desinformação geral”, conta o professor. De acordo com ele, os diversos órgãos públicos envolvidos – relacionados a segurança, agricultura, meio ambiente – e a empresa Vale agem de forma independente, não há um trabalho em rede, o que gera conflito de informações e, consequentemente, “apreensão, muita tristeza e pânico”. Segundo o professor, “as pessoas não têm informações precisas sobre a qualidade da água, em que medida o rio pode subir ou descer, em que medida ele pode se tornar vetor de mais destruição”. Outra fonte de apreensão é a falta de informações sobre o risco de rompimento da Barragem 6 do Córrego do Feijão.

Além dos danos mais imediatos e impactantes, como a perda de vidas humanas, a total devastação das áreas atingidas pelo derrame de lama e a contaminação do rio, amplamente divulgados, outros reflexos foram observados pelos pesquisadores no percurso ao longo do Paraopeba. Eles são diversos e impactam desde o vínculo de pertencimento das pessoas em relação ao rio até questões econômicas, como a queda do valor de terrenos próximos às margens do Paraopeba.

Hoje, 07/02, o professor Alfredo e os outros pesquisadores trabalham na consolidação de dados para o relatório da expedição. Posteriormente, a equipe vai levar amostras de água e sedimentos coletados para serem analisados nos laboratórios da UFJF com o objetivo de gerar laudos e orientações técnicas. Em breve, publicaremos mais resultados do trabalho neste portal.

Confira fotos da expedição em nossa página no Facebook.

 

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