IFNMG e Companhia Brasileira de Lítio assinam protocolo de intenções que abre possibilidades de cooperação mútua
Reitor José Ricardo e Glen Cleuber, da CBL, assinaram o documento na Reitoria, em Montes Claros
O IFNMG e a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) assinaram na última sexta-feira, 28/08, na Reitoria, em Montes Claros, protocolo de intenções com o objetivo de promover a cooperação técnica, científica e educacional entre as duas entidades. O documento abre para possibilidades de estabelecer a cooperação para intercâmbio de conhecimentos, informações e experiências, visando à formação, ao aperfeiçoamento e à especialização técnica de recursos humanos, bem como ao desenvolvimento institucional, mediante a implementação de ações, programas, projetos e atividades, nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, de interesse comum.
O protocolo de intenções foi assinado pelo reitor do IFNMG, professor José Ricardo Martins da Silva, e pelo diretor de Mineração da CBL, Glen Cleuber Lopes Marques. O momento foi compartilhado com o diretor-superintendente da CBL, Vinícius Alvarenga, e gestores do IFNMG, via transmissão, ao vivo, por videoconferência. Na ocasião, o reitor frisou a importância das parcerias público-privadas no cenário brasileiro atual: “É importante que as instituições públicas busquem novos caminhos para alavancar o desenvolvimento regional, por meio do que há de melhor nos dois lados”.
Na transmissão da assinatura: acima, Vínícius Alvarenga, José Ricardo e Glen Cleuber, Júnio Jaber (diretor-geral do IFNMG-Campus Pirapora) e
Elias Rodrigues (diretor-geral do IFNMG-Campus Arinos); abaixo, Edmilson Cassani (pró-reitor de Admininstração do IFNMG), Aécio Miranda
e Edson Quaresma, presidente da Fadetec, fundação de apoio do IFNMG
A CBL
A CBL opera na região do Vale do Jequitinhonha – que tem uma das maiores jazidas de lítio do país – há cerca de 30 anos, sendo pioneira em produtos de lítio na região. A Mina da Cachoeira, de onde a empresa extrai e beneficia o mineral do qual é retirado o lítio, fica em Araçuaí. A planta química, onde acontece a produção dos compostos de lítio, está em Divisa Alegre, a cerca de 180 km da mina.
Apesar de, ultimamente, a aplicação mais badalada serem as baterias de lítio, com demanda crescente no mercado mundial para produção de carros elétricos, o lítio tem uma série de outras aplicações, a exemplo de graxas lubrificantes, sais de tratamento térmico, produtos farmacêuticos, cerâmicas e vidros. No Brasil, é considerado um mineral estratégico, e sua extração e comercialização é controlada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Parceria
A relação do IFNMG com a CBL já havia acontecido, anteriormente, em situações pontuais, por exemplo, quando a empresa apoiou eventos realizados pelo Instituo no Campus Araçuaí. Mas o estreitamento da relação veio neste ano, a partir de um encontro virtual promovido por iniciativa do deputado estadual Doutor Jean Freire, que colocou a CBL em contato com representantes de instituições da região para discutir questões relacionadas à exploração do lítio. Convidado a visitar as instalações da empresa, o IFNMG enviou seus representantes, entre eles, o reitor, para conhecer a mina e a planta química. Foi dessa visita que saiu a possibilidade de formalizar uma parceria mais ampla, que culminou com a assinatura do protocolo de intenções.
“Estamos começando, agora, a compreender a atividade, qual a linha de pesquisas que eles desenvolvem lá dentro. Nosso interesse é estudar, entender, criar uma cadeia de conhecimento nesse campo [de atuação da mineradora]. Só conhecendo é que poderemos contribuir de forma positiva”, argumenta o diretor-geral do IFNMG-Campus Araçuaí, Aécio Oliveira de Miranda, que também participou da visita à CBL.
Além disso, mesmo que indiretamente, a relação entre as partes fez-se por meio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), que, desde meados de 2018, é dona de 33% da CBL. A Codemge foi a principal financiadora das obras de construção do novo prédio pedagógico e reforma do Laboratório de Mineração e Tratamento de Minérios do IFNMG-Campus Araçuaí, inaugurados em março deste ano. Reformado e equipado, o laboratório atenderá, especialmente, o curso técnico em Mineração, que está em processo de construção no Campus.
Pesquisa e qualificação
A gama de possibilidades de cooperação mútua, formalizada pelo protocolo assinado na última sexta-feira, é vasta e uma delas já está em prática. Trata-se de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida pela IFNMG para avaliar o aproveitamento de subprodutos da extração do lítio (rejeito mineral) para aplicação na correção de solo para agricultura.
Outro caminho viável da parceria é para a formação e a qualificação dos colaboradores da CBL, por meio de programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), que o IFNMG pode ofertar. Segundo o diretor de Mineração da empresa, a região ainda é muito deficiente em termos de oportunidades de formação e qualificação. A pretensão da CBL, de acordo com Glen Cleuber, é que todo o seu pessoal chegue, pelo menos, ao nível de ensino médio ou técnico, o que não é a realidade de um terço dos empregados. Atualmente, segundo ele, são 120 empregados trabalhando na mina e 230 na planta química.
“Estamos sempre precisando instalar novos processos, novas tecnologias e precisamos de pessoas capacitadas para atuar nisso. Contamos com o IFNMG nesse sentido”, explica o diretor-superintendente da CBL, Vinícius Alvarenga. Na avaliação dele, nesse processo de formação e qualificação de pessoal, será possível irradiar os benefícios para fora da empresa: “A capacitação poderá melhorar a vida das pessoas e da comunidade do Vale do Jequinhonha”.
A futura implantação do curso técnico em Mineração, pelo IFNMG, também é uma das vias promissoras de parceria, como aponta Glen Cleuber, aumentando as chances de que as demandas por pesquisa e desenvolvimento tecnológico relacionados à cadeia do lítio permaneçam no Vale. Além disso, haverá a possiblidade de oferta de estágios para alunos do IFNMG na CBL.
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